01 novembro 2009

Inconstância

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Inconstância.
Por desejar tantas coisas, por não saber exatamente o que se quer...

A vida, cíclica como as estações do ano, como um oceano. As coisas vêm e vão, passa-se um tempo, retornam. E vão-se novamente. Seja o momento de felicidade, seja a angústia, tudo passará, tudo voltará. E tornará a passar... E assim completa-se um ciclo, faz-se uma volta no círculo de Samsara, preso às ilusões da vida (maya). Cada um faz as escolhas, e vive suas consequências.

Até que, em algum momento da vida, imerso no caos criado, abre os olhos e, numa epifania, vislumbra-se um sentido na vida, vê-se por uma fresta do véu das ilusões, diante de si mesmo, revê tudo o que passou, confere tudo o que se viveu, e entende a necessidade de filtrar os próprios valores, de lapidar as virtudes, de procurar desvencilhar-se dos desejos do ego e libertar-se das pretensões individuais sobre os outros, para vivenciar a vida com os outros.

Compreende que é aquilo que sente, aquilo que pensa, o que contribui para construir, a cada momento, o mundo em que se vive. Este mundo, a somatória dos sentimentos e pensamentos de seus habitantes (tripulantes). E que em cada particularidade, cada fato acontecido nada mais é que o resultado do pensar, do sentir, do querer individual, cuja responsabilidade recai exclusivamente sobre cada um, apenas.

Uma das chaves está na observação, na atenção constante de todos os momentos adversos, das reações diante das ocasiões vividas, e na busca por mecanismos para superação, no aperfeiçoamento individual, encontrando novas formas para lapidar a pedra ainda bruta, sem cair em hipocrisia.

Quanto antes se anunciar este despertar para a verdade em si mesmo, mais tempo terá para usufruir da real felicidade da vida, ao invés de se contentar com as efêmeras satisfações da personalidade, na fantasia dos desejos.