15 outubro 2009

Mérito Possuir

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Sempre me impressiona uma casa de dispõe de vasta biblioteca. Tanto conhecimento arquivado nas prateleiras, estacionado nos armários, acessíveis apenas à um círculo muito restrito de pessoas. O mesmo procede com uma discoteca (CD-teca?), videoteca (DVD), ou qualquer forma física de armazenamento dos produtos do conhecimento humano.

Reflexo da sublime felicidade do TER, aquele livro raro, caro, ou ambos; aqueles álbuns preciosos, músicas à muito tempo esquecidas, mas que nunca perdem a qualidade; a filmografia completa de um diretor específico, de um ator pontual, de um gênero singular.

Livros já lidos, que esporadicamente são consultados. Revistas ultrapassadas, epitáfios recentes. Músicas ocasionalmente tocadas, filmes só são re-vistos em ocasiões exclusivas, eventualmente, emprestados.

Qual mérito maior do que expor, explicitar a todos que por aqui passam, as peças que constituem o baluarte do gosto pessoal abarcado, da postura ideológica assumida, do ostentar um conhecimento arduamente labutado, refletido, absorvido, garimpado, lapidado e finalmente assumido (assimilado)?
Construção de reflexo moldado, exalar minuciosamente calculado... orgulho, vaidade, arrogância e soberba.

Em época de acessibilidade remota e compartilhamento universal, nada mais democrático do que dispor acervo tão precioso a quem interessar possa - não há roubo, não há perda, não há subtração. A mágica do digital está em duplicar infinitamente, sem prejuízo ao original.

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